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Genocídio e barbárie em terras brasileiras

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023 às 13:35 - por, redacao.

Artigo


Articulista Jornalista Éverlan Stutz - Estadoatual


O Brasil e o mundo acompanham, horrorizados, a situação desumana na qual o povo Yanomami tem sobrevivido nos últimos anos, que foi intensificada pela pandemia da covid-19 e pelo descaso institucionalizado do desgoverno de Jair Bolsonaro.  As imagens de indígenas adultos e crianças em estados gravíssimos de desnutrição chocaram todos aqueles que têm alteridade, civilidade e uma mínima noção de direitos humanos.

Além da desnutrição, há registros de contaminação de mercúrio causada pela invasão de garimpeiros em terras Yanomami, algo defendido pela alta cúpula do bolsonarismo. Os povos originários do Brasil representam a população mais vulnerabilizada e negligenciada historicamente pelos poderes constituídos. Os indígenas sofreram e ainda padecem com a desumanização de centenas de etnias em nosso vasto território.

Dados do projeto Mapbiomas mostram que, só em 2021, o garimpo ilegal foi responsável pela destruição de 15 mil hectares das terras indígenas. Além dessa estatística que evidencia o avanço ilícito da mineração, torna-se recorrente enfatizar a necessidade de atribuir um olhar mais humanizado para os povos originários. A proteção de áreas indígenas deixou de ser prioridade na gestão anterior. A impunidade foi chancelada pelos bolsonaristas que deveriam, no mínimo, cumprir o que determina a Constituição Cidadã. O sucateamento da Funai e a desassistência dos povos originários foram fatores decisivos para eclosão dessa crise humanitária da etnia Yanomami de Roraima.         

   Ao repensarmos o conceito de civilidade e comparamos com os 523 anos de invasão e de barbárie, que continuam sendo legitimadas pela lógica do agronegócio e do garimpo ilegal, percebemos que a desumanidade e a indiferença foram imposições presentes do ex-presidente. Com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva acatou reivindicações históricas dos povos originários. Presidido pela ativista Sônia Guajajara, as atribuições do ministério visam garantir o acesso à educação, à saúde e à demarcação de terras, além de combater o genocídio indígena. Humanizar a relação dessas etnias com as estruturas de poder deve ser iminente para consolidação de políticas públicas mais inclusivas e humanitárias. O Brasil cometeu equívocos desumanos contra os povos originários. É urgente consolidar essa reparação histórica para alcançarmos o sentido mais amplo do que venha a ser um país civilizado e que respeite os direitos humanos dos cidadãos brasileiros, sem distinção de raça, cor ou etnia.

Éverlan Stutz é jornalista, professor e poeta

Fotos: Divulgação Internet – Banco de Imagem