Busca

Chegamos ao limite!

segunda-feira, 04 de maio de 2020 às 09:45 - por, admin.

Artigo


Jornalista Éverlan Stutz / Articulista ESTADOATUAL


O Brasil chegou ao fundo do poço, ao subterrâneo da indiferença dos interesses públicos. O inquilino de paraquedas do Palácio da Alvorada não é a Constituição Federal e nunca será. Ele não enganou o brasileiro que leu um pouco sobre a formação histórica do país. Ele não ludibriou as pessoas sensatas e com o mínimo de compaixão com a dor daqueles que vivem à margem da sociedade.  Ele não compareceu aos debates porque nunca teve preparo intelectual tão pouco emocional para ser contestado. Ele, sim, é o parasita que incita o ódio, a violência, a barbárie.  Por isso, no período eleitoral, os verdadeiros patriotas deste país-continente gritavam aos quatro cantos do mundo: ele, não!

No dia do trabalhador, durante um ato em favor do isolamento social, um defensor do presidente genocida agrediu enfermeiras que faziam um protesto silencioso na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O grupo segurava cruzes que simbolizavam os mortos por Covid-19. O índice de mortalidade entre os profissionais da saúde é alarmante e só aumenta a cada pronunciamento insano e desumano do atual presidente.  Em meados de abril, o Brasil registrava mais de 30 mortes de profissionais de enfermagem causadas pela Covid-19, conforme dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). O balanço retrata o impacto das infecções do novo coronavírus entre enfermeiros, técnicos e assistentes. Mais de 4 mil profissionais estão afastados pela doença e já foram contabilizadas 5 mil denúncias por falta de equipamentos de proteção individual (EPIs).

A Covid-19 não é uma “gripizinha” e a máscara do despótico caiu há muito tempo. Mesmo diante de tantas evidências científicas, existe uma parcela da população, movida por um negacionismo inexplicável, que insiste em defender o inaceitável. O país bateu um novo recorde no número de mortes por Covid-19 e já ultrapassou a China e o Irã.  A taxa de letalidade da doença disparou nos últimos dias e a tendência é piorar, caso os protocolos de isolamento social, especificados pela Organização Mundial da Saúde, continuem sendo negligenciados pelo porta-voz do genocídio.  Não bastasse os ataques aos profissionais que estão na linha de frente no combate à pandemia, os defensores da ignorância passaram a atacar a imprensa que tem cumprido sua função social de informar a população sobre os riscos e as formas de prevenção da Covid-19.  

O defensor de milicianos não parou por aí. Ele participou no último domingo, sem máscara de proteção respiratória, de uma manifestação antidemocrática contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. Em seu discurso fascista, o chefe do gabinete do ódio disse que “chegou ao limite” e que “não vai mais admitir interferências”. Durante o ato, jornalistas foram agredidos por participantes do protesto inconstitucional. Vale relembrar que ainda estamos em uma democracia. As ações irresponsáveis e extremistas do presidente violam diretrizes internacionais para conter a pandemia, ignoram as pesquisas científicas, ferem a liberdade de imprensa e instauram a tão falada balbúrdia.  Inúmeras instituições que defendem o Estado Democrático de Direito reagiram contra as insanidades do “capitão”. Mas é necessário agir rápido para amenizar as arbitrariedades de um desgoverno autoritário, asqueroso e vil, no sentido mais amplo da vileza. O maior vírus a ser combatido neste momento é negação da realidade sombria que todos os brasileiros estão inseridos, independente de partidos políticos ou viés ideológico. 

Foto: Éverlan Stutz / Jornalista, Professor, Ator, poeta e compositor.