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Encerramento das atividades literárias

segunda-feira, 23 de outubro de 2017 às 08:48 - por, redacao.

“Flic”


Muita cultura no evento realizado na cidade de Congonhas.


O último dia da 4ª Festa Literária de Congonhas (Flic) foi aberto por escritores nascidos na região de Congonhas – Luiz Miguel, Artur Laizo, Cláudia Guimarães e Allan Francis Salgado – que conversam sobre suas experiências literárias e as influências que ressoam entre suas vidas e a produção artística. Em seguida, o historiador André Candreva discorreu sob seu trabalho de pesquisa “Trem do Bispo nos trilhos da fé”, que relata todo o período da implantação do antigo ramal ferroviário entre Lobo Leite e Congonhas, que só foi inaugurado em 1892, fortalecendo o comércio local e o próprio Jubileu de Congonhas. Dom Silvério, então arcebispo de Mariana e natural da cidade, teve participação efetiva neste capítulo da história local. Neste final de semana,  a  FLIC foi encerrada com o Cortejo literário, conduzido pela Banda Sinfônica da Secretaria Municipal de Educação, do Museu até a entrada da Romaria, onde o público e os organizadores declamaram poemas. Este ano o lema da Flic foi “Memória, literatura e história”, em consonância com o dos museus da cidade que é “Congonhas, cidade de devoção e fé”.

A exemplo do domingo, os outros dias da Festa Literária demonstraram o interesse do congonhense por conhecerem melhor sua história e por desenvolverem novos olhares sobre o mundo e sobre si mesmo. Os jovens fizeram bate-papo descontraído com a escritora Laura Conrado, de Belo Horizonte, que falou um pouco da força das palavras. A criançada se encantou com o jornalista Léo Cunha, com seu livro “Um dia, um rio”, que retrata de maneira delicada a tragédia da lama na cidade de Mariana. O mesmo ocorreu na conversa dos de três turmas do 4º ano da Escola Municipal Judith Augusta com Denise Martins, escritora do público infantil, que procurou a secretária de Educação de Congonhas, Maria Aparecida Resende, após o evento, para relatar o contentamento dela como o diálogo que manteve com as crianças e com a receptividade que obteve. Outro momento em que meninada viajou através das palavras foi  quando alunos da Escola Municipal Padre Jacinto Pinheiro ouviram histórias contadas pela auxiliar de biblioteca, Júnia Ferreira.

Para quem quer arriscar em verso ou prosa, “Como é ser escritor no Brasil?”, de Marina Carvalho, demonstra bem os sabores e dissabores de se enveredar por este caminho. Pedagogas, professores, diretores de escola, vice-diretores, auxiliares de biblioteca, secretários escolares o público em geral conversaram com escritor paulistano Rafael Carvalho sobre sua experiência como um dos 24 poetas participantes do Projeto Leve um Livro, de Belo Horizonte, com o “ bico do pássaro”. “Este projeto desmistifica a literatura contemporânea, levando a poesia para onde as pessoas estão. A Flic também incentiva o cidadão a ler”, afirmou. Rafael realizou o pré-lançamento de seu livro de poemas “Bambuzal” em Congonhas, um dia antes de apresentá-lo ao público de BH. O escritor Aguinaldo Tadeu, que morou por muitos anos em Congonhas, lançou as publicações “A voz dourada das cidades” e “32 cartas”. “Quem vive em Congonhas tem um compromisso com a arte. Me fiz escritor a partir de Congonhas, pela vivência que eu tive nessa cidade tão rica de cultura. Toda vez que for lançar um livro faço questão de passar por aqui”, prometeu.

O congonhense Rafael Senra também lançou sua obra “Olhar de Bicicleta” durante esta edição. Rafael é ainda narrador e personagem principal do livro e, por isso, o enquadra como “autoficção”. Com certa liberdade poética, escreveu sobre os doze anos que morou em São João del-Rei, quando cursou graduação e mestrado em Letras na UFSJ. “Olhar de Bicicleta” se mostra como um exercício poético e filosófico a respeito de diversos assuntos. Da mesma forma que a escrita surgiu do corte da terra pelo traçado, feito na agricultura, a bicicleta também deixa seu traço na terra, mas de forma livre. E nela um jovem tentando descobrir o mundo”, explica o autor. Mas teve lançamento de revisita também durante a Flic. A publicação cultural “Mitocôndria” escolheu o Museu de Congonhas como capa e trouxe uma matéria especial sobre o Centro Cultural. Além disso, a fotógrafa congonhense Eliane Gouvea foi a profissional responsável pelo ensaio fotográfico da edição, com fotos que retratam a fé e a devoção durante o período do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos.

A FLIC abriu espaço também para o Grupo de teatro Boca de Cena apresentar o espetáculo “Brejo das Almas”, de Carlos Drummond de Andrade! A peça foi selecionada no projeto “Congonhas faz Cultura”, da Fumcult, e também faz parte da programação da Flic!